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domingo, 20 de julho de 2014

A PEDAGOGIA DO DESPERDÍCIO ("Tudo bem... Ao seu dispor se for por amor às causas perdidas...")



Crônica

A PEDAGOGIA DO DESPERDÍCIO ("Tudo bem... Ao seu dispor se for por amor às causas perdidas..." — Engenheiros do Havaí)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           O que leva você a pronunciar desaforos condenatórios quando visualiza a imagem de um cavalo puro sangue puxando uma carroça? Como diz a canção do grupo musical - Engenheiros do Havaí; Dom Quixote. Eu penso, auxiliado pela expressão da bela letra da canção: sobre o sistema educacional ser a carroça, ou melhor, o belo paraíso do desperdício de talento. Existe a mesma desvalorização quando um professor doutor em artes visuais, lecionando religião no ensino fundamental para um alunado nada conhecedor da importância material e nem do papel do professor e, pior de tudo, não quer conhecê-lo; despreza-o como faz comigo que sou só "lato sensu". 
           Em outra ocasião, o ex-secretário de educação municipal, já por sinal foi bem sucedido em sua gestão, também pós-graduado em docência, lotado aqui numa escola de ensino fundamental, sem ser compreendido pela sala de aula, os alunos o negligenciaram. Por que a Secretaria de Educação remunera o professor em licença, fazendo um mestrado ou um doutorado e depois o trancafia e mantem-no em sala de aula de ensino fundamental enquanto deveria estar orientando aos colegas de menor formação acadêmica? Mas, nessa política atual, os maiores graduados na academia de forma alguma funcionam bem como Secretário de Educação municipal. Enfim, doutores, mestres estão nas salas de aula, engessados por leis e normas de uma cúpula de políticos atrofiadores da academia.
           O que um pastor evangélico com boa formação em teologia faz dando aulas de filosofia numa escola de estado laico? 
           Outras incongruências: o MEC dá os livros aos alunos e eles nem os levam à sala de aula e quando lhes emprestamos outro volume, para não deixá-los sem fazer a atividade, eles armazenam mais um em sua casa, ainda acham que o colega vai emprestar o dele! "Tudo bem... Ao seu dispor se for por amor às causas perdidas..." O colega leva o livro para o outro estudar!
           Olhe na direção dos que nunca precisaram e jamais precisarão da escolaridade para ser alguém na vida. E muitos ainda patrocinando a escola pública, e compare com o interesse dos abarrotadores das salas de aula em busca de futuro! É esse o conteúdo da música: "o amor às causas perdidas". A aprovação automática enche o país de diplomados semianalfabetos! Sou professor, mas "meu nome é otário", ensinando os que não querem aprender e forçando os a uma obediência desvirtuada de qualidade, quando os coloco sentados escutando-me, enquanto querem manipular o Smartphone.  
            Sem falar sobre a frequência dos pais bem instruídos ou não; bem intencionados ou não, vêm meter medo no grupo gestor da unidade escolar com bravatas desaforadas. Todos nós trabalhamos aqui com o terror dos falatórios. Sem autonomia de atuação, na escola, somos obedientes à comunidade. Sem que muitos deles, nem mesmo tenha frequentado uma faculdade, e a maioria de suas exigências são destituídas de pedagogia alguma, somente egoístas. E o professor tem e terá sempre de ceder nas demandas dos alunos e quando tenta se impor é levado à coordenadora cercado dos curiosos sorridentes, aqueles do mesmo espirito da plateia nas arenas da velha Roma para ver os gladiadores lutarem até morrer. "Por amor às causas perdidas", assim com eles, o professor estará na peleja para o lazer da sociedade, desapoiado mesmo tendo razão. Enquanto deveria ser respeitado e reverenciado mesmo estando "errado", devendo-se consideração a  boa intenção regente do seu profissionalismo e a importância merecida. Sádicos, leiam as atas de reunião da escola sem chorar, depois me digam sobre os meus avisos: "as nuvem não eram de algodão".
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 16/04/2014
Reeditado em 20/07/2014
Código do texto: T4771635
Classificação de conteúdo: seguro
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