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sábado, 16 de agosto de 2014

CRIANDO COBRA ("Manda quem pode e obedece quem tem contas a pagar")



Crônica

CRIANDO COBRA ("Manda quem pode e obedece quem tem contas a pagar")

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Em tempos atuais, o professor não se reconhece em sua própria classe! Vejam, é normal o professor chegar à sala para a sua primeira aula e se sentar à sua mesa fazendo a chamada ou fazer alguns apontamentos iniciais. Mas, desta vez, não tinha a cadeira do professor, não estava no lugar certo. Tomei posse de uma qualquer, largada fora da fila, a fim de assentar-me, e qual não foi a minha decepcionante surpresa, quando uma aluna, aparecendo do nada, daquelas que não cede o banco a idoso algum, manifestou-se arrogantemente solicitando a cadeira, dizendo ser dela. Então, eu lhe disse que pegasse uma outra, pois tinham muitas sobrando ali, peguei aquela por que estava mais próximo e fora da ordem. Porém, ela queria exatamente aquela. Chega de lenga-lenga, por último, permiti sua retomada,  pois dou minha aula em pé. E ela não satisfeita com minha humildade me ordenou, obrigando-me devolver a cadeira no mesmo lugar que a achei. Mas, como? A cadeira estava bloqueando o corredor entre as duas fileira iniciais!
           À tarde, completando aquele meu dia de trabalho "promissor", quarta feira, véspera do primeiro jogo do Brasil na copa 2014, à outra escola, cheguei cedo, como sempre, para fazer alguns preparativos assim ia começar bem o turno vespertino. Quando entra, de supetão, a gestora na sala dos professores, bem no início de tudo, e começa uma reunião extraordinária: — vão fechar duas salas! – esbofou-se e, complementando o comunicado da secretaria, continua –  por falta de aluno. Eu não entendi, lembrei-me da notícia lida no portal de notícias - G1: "De acordo com a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2012 e divulgada em setembro de 2013, a taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais foi estimada em 8,7%, o que corresponde a 13,2 milhões de analfabetos no país." E ainda, estão querendo fechar sala de aula?! E, por que não dividir o lucro das superlotadas com as unidades de poucos alunos?{http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/01/brasil-e-o-8-pais-com-mais-analfabetos-adultos-diz-unesco.html} (acessado em 09/02/2020). 
           Perguntar não ofende: O dinheiro poupado vindo do fechamento das salas, aqui em nosso caso, com menos de 15 alunos vai ser investido para melhorar os incentivos ao professor?

           Contemplando a tristeza dos professores presentes, tendo medo de perder as turmas e ter prejuízo no salário, entristeci-me também. Então a reunião termina nestas palavras: "Pois é, quando eu lhes peço aulas atrativas e com qualidade, vocês me acham chata".

           A culpa é do professor: Se o aluno não aprende, a culpa é do professor; se os pais não vão às reuniões da escola é porque os professores falam mal de seus filhos; se não têm bastantes eventos festivos na unidade escolar é porque os professores não colaboram;  se há brigas na escola, e alunos se machucam, é culpa dos professores que não separaram; se 20% da classe tem nota abaixo da média, não se questiona se aluno está interessado em estudar ou não, é culpa do professor; Se o professor adoecer e precisa faltar às suas aulas, quando voltar, será acusado de transtornador da escola toda, os seus alunos, sem professor na sala, bagunçaram nos corredores o período todo; se o aluno evade-se, é contado como índice de reprovação, também responsabilizando o professor; enfim, se a escola fracassa a culpa é do professor.  “O professor é a expressão da escola na qual ele está inserido”. (Thelma Torrecilha). Portanto, ainda, é o professor que ganha menos, ganha somente pelas "aulinhas" ministrada sem gratificação alguma. É essa a visão da sociedade sobre o professorado e assim nos recompensa...! As ameaças nos motivam a atender os seus apelos, também, esdrúxulos. Para tanto, voga o lugar comum: "Manda quem pode e obedece quem tem juízo": A Máxima da Educação. Do outro lado, o coordenador pedagógico ainda insiste em perguntar por que o professor tem medo do aluno!!!
Claudeko Ferreira

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Enviado por Claudeko Ferreira em 12/06/2014
Reeditado em 16/08/2014
Código do texto: T4842128
Classificação de conteúdo: seguro

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