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domingo, 18 de outubro de 2015

EU NÃO SOU MINHA CALÇA XADREZ (Agostinho ou Chaves, eis a questão?)


Crônica

EU NÃO SOU MINHA CALÇA XADREZ (Agostinho ou Chaves, eis a questão?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Sempre gostei da estampa xadrez em minha vestimenta. Sinto-me alegre! Agora é preciso sentir-me palhaço para levar na brincadeira as afrontas da sociedade. Apesar de ter sido uma criança com medo de palhaço, já compreendo a importância dos palhaços trabalhando para trazer a alegria a muitos, embora, muitas vezes, estejam tristes. Por isso, quero despi-me de meu jaleco branco, camuflador de pó de giz, para usar permanentemente a indumentária alegre de quem vive em um circo, valendo-me assim da honra de um bom palhaço, também critico minha disposição em adequar-me ao comportamento enganoso que hoje o aluno, os pais, os colegas e o governo exigem da escola e do professor.
           O figurinista Cao Albuquerque, responsável pelas vestimentas do elenco dos mais queridos do seriado “A Grande Família”, da Rede Globo, disse: "Eu pensei que ele tinha que ser anos 1970, porque ele é o cafajeste, enganador, tem uma coisa clown (palhaço, em inglês) e farsesca. (...) O Pedro Cardoso, que interpreta o Agostinho, diz que o figurino ficou próprio de um clown. Ele acha muito legal do ponto de vista de que o figurino ajuda a ninguém ficar com raiva do personagem, mesmo que o Agostinho cometa as maiores barbaridades". (http://www.areah.com.br/cool/estilo/materia/6942/1/pagina_1/estilo-agostinho.aspx) - Acessado 20/10/2015.
           Todavia, o professor é um profissional com uma nobre função que é a de preparar os indivíduos para conviverem, servirem à sociedade e, quando necessário, transformá-la, tarefas nada fáceis. Por que, então, o professor é tão descredenciado por essa mesma sociedade que a ajuda a formar? Ora, o professor é um instigador de ideais, mas ele também precisa sentir prazer com o que faz, ou então, estará sendo obrigado a ser hipócrita, falando coisas em que não acredita, transmitindo emoções que não sente e isto mata a educação. Ou talvez, que se mate a educação antes que eu me mate!
           O lado bom de me fantasiar de palhaço  não é somente meu protesto aos desencantos da escola, mas conto com um poderoso recurso didático para socializar conteúdos da matriz curricular, pois alguns colegas já usam a outras fantasias de palhaço para facilitar suas aulas. O que vale além do mais é a sobrevivência. "Chegará um dia em que no lugar dos pastores alimentando as ovelhas haverá palhaços entretendo os bodes" -C. H. Spurgeon.
           Os alunos precisam mesmo é de professor ou de palhaço? Que tal um pouco dos dois! Que graça tem, um profissional agradar o cliente e continuar sendo o mesmo profissional? Vai desgastar! E por incrível que pareça, o que eles querem verdadeiramente é palhaço!  "Para a aluna Evely Fernanda Damaceno, de 11 anos, a aula fica muito mais interessante e engraçada. “Acho muito legal todas as aulas do professor Júlio. Meu recado para ele é que continue assim”, finaliza a estudante." (http://www.educacao.sp.gov.br/noticias/com-nariz-de-palhaco-e-giz-na-mao-professor-inova-forma-de-dar-aula) - Acessado em 22/01/2021.
           Se no primário se acostumou com palhaçada, não se contentará com menos no Ensino Médio e na vida toda. Os que zombam de mim, chamando-me de Agostinho, vestem-se de "pega-marreco" (modelito do Chaves), e calça rasgada, faltando só o suspensório. Então, ninguém é sua calça! Apenas, e às vezes, estamos no circo errado! "É diferente, diferente eu também sou..."
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 17/10/2015
Reeditado em 18/10/2015
Código do texto: T5418006
Classificação de conteúdo: seguro

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