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sábado, 10 de dezembro de 2016

CONSERVAÇÃO DO PRÉDIO ESCOLAR ("Ninguém quer o bem público que não está de acordo com o seu." — Jean-Jacques Rousseau))


Crônica

CONSERVAÇÃO DO PRÉDIO ESCOLAR ("Ninguém quer o bem público que não está de acordo com o seu." — Jean-Jacques Rousseau)

Por Claudeci Ferreira de Andrade


             Demorei um pouco na sala depois do último toque da sirene, alguns alunos estavam esperando meu visto no caderno, quando um barulho forte de cadeiras e mesas batendo nas paredes da sala vizinha. Levantei-me assustado, quis proferir uma repreensão, mas eram as funcionárias da escola limpando a sala. Enfileiravam as mesas e empurravam com bastante força até amontoarem-nas à parede, desocupando o chão para limpá-lo. Empurravam novamente para o outro lado para desocupar o outro espaço que ainda precisava ser limpo. Então, a dança forçada das carteiras fechava aquela minha tarde de perturbação escolar. Quando elas perceberam que eu estava incomodado, agravaram a técnica, porém, continuei observando e continuaram arrastando mesas e cadeiras; o descuido era tanto que caiam frequentemente os móveis, fazendo uma explosão como a de uma bomba, porém não podiam se atrasar.
           Voltei para minha sala, donde aqueles poucos alunos testemunhavam o paradoxal cuidado do bem público. Refletindo aqui, quantas vezes eu pedi a meus alunos uma redação sobre a preservação do patrimônio escolar! Era um trabalho intensivo, além de fazê-los escrever, ainda teriam concurso de cartazes envolvendo todas as disciplinas com o tema. A preservação dos bens físicos da escola é um indicador de prosperidade. Quanto tempo vai durar sua escola? O que você está fazendo por ela hoje?
           Vi por muitas vezes também a coordenadora ensinando, a alunos displicentes, lições de bom comportamento, dizendo que não se pode riscar as carteiras, nem as paredes, e alguns até tiveram que lavar e polir sua mesinha. Sem a aprovação de seus pais, diga-se de passagem. 
           Sim, talvez elas fizeram aquele quebra-quebra para não ter que me pegar pelo o braço e jogar fora da sala, pois tinham tempo curto para fazer todo o trabalho de limpeza, e eu ali com aqueles meninos, na hora de ir embora. Visto isso, veio-me uma confusão mental, por que sempre a coordenadora vem às salas, pedindo aos alunos, para deixar as carteiras bem arrumadas e enfileiradas, sendo que os zeladores desmontam tudo imediatamente da forma mais desmazelada possível, para passar pano e fazer a limpeza? Essa é mais uma exigência sem sentido de quem briga por poder. A coordenadora não ensina nada para aluno, apenas vomita regras. Aprendi isso, naquele dia: Nem sempre, quem limpa, cuida! E quem tem que mostrar serviço o faz escravizando os outros com coisas inúteis. Mormente em se tratando do uso de bem público. E concordo com Chico Xavier: "Ambiente limpo não é o que mais se limpa e sim o que menos se suja". Sujar é o emprego de alguns, e limpar é o emprego de outros. Se não houver criminoso, não há polícia. 
Kllawdessy Ferreira

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Enviado por Kllawdessy Ferreira em 10/12/2016

Código do texto: T5849043 

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